A menos de um mês para o leilão de
concessão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília,
ao menos 14 empresas, das quais cinco estrangeiras, estão negociando a
formação de consórcios para entrar na disputa prevista para 6 de
fevereiro. Apesar da forte concorrência, a expectativa é de que os
pesados investimentos exigidos nos empreendimentos não permitam ágios
elevados sobre os lances mínimos.
A concessão dos
terminais aeroportuarios é a grande aposta do governo para garantir, com
recursos privados, a expansão necessária para suportar o forte aumento
da demanda por transporte aéreo no Brasil, que vem ocorrendo há anos e
vai acelerar ainda mais com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016, no Rio de Janeiro.
Pelas regras do edital, todos os consórcios precisam ter uma operadora estrangeira de aeroportos. Isso porque é exigido que entre os sócios privados pelo menos um tenha cinco anos de operação de terminais com movimentação superior a 5 milhões de passageiros por ano. Além da própria estatal Infraero, que será sócia seja qual for o consórcio vencedor para cada um dos aeroportos, nenhuma outra empresa no Brasil possui essa característica.
Para o professor do Insper-SP Eduardo Padilha, a crise internacional não deve ser empecilho para a participação das estrangeiras na licitação. "É algo a se preocupar, mas a ordem dos investimentos não faz com que empresas não tenham capacidade, ainda mais com o fluxo de caixa."
"O leilão é o filé mignon dos aeroportos brasileiros. O governo coloca os melhores e estabelece a regulação. Será um chamariz se o modelo funcionar bem", disse Padilha, do Insper-SP. A Engevix e a Corporación América, vencedoras do leilão em 2011 do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) com o consórcio Inframérica, devem repetir a parceria.
Outro grupo para a disputa agora, segundo uma das fontes, seria formado pela GMR - sócia majoritária do consórcio que administra o Aeroporto Internacional de Nova Délhi - e Queiroz Galvão. A Carioca Engenharia, que de acordo com a fonte estaria negociando com a Aéroports de Paris, preferiu não se pronunciar sobre o assunto, assim como GMR, Queiroz Galvão e Galvão Engenharia.A CCR disse que não comentaria o tema por estar em período de silêncio para a Assembléia Geral Extraordinária que em 16 de janeiro vai tratar justamente da "complementação do objeto social da companhia para incluir a exploração de atividades do setor de infraestrutura aeroportuária".
Investimentos
Diante dos altos valores exigidos dos futuros concessionários e da taxa de retorno considerada relativamente baixa por alguns investidores, é provável que os ágios sobre os preços-mínimos não sejam tão grandes em relação a outros leilões de concessão de infraestrutura. Para arrematar o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, por exemplo, o Inframérica pagou R$ 170 milhões, com ágio de 228,82% sobre o preço mínimo.
Para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, o preço mínimo estipulado foi de R$ 3,4 bilhões. Para Viracopos, em Campinas, o piso será de R$ 1,47 bilhão, enquanto para Brasília o edital estipula R$ 582 milhões. Os três aeroportos deverão receber em conjunto investimentos de R$ 2,9 bilhões até 2014, ano da Copa do Mundo, sendo R$ 1,38 bilhão para Cumbica, R$ 873 milhões para Viracopos e R$ 626 milhões para Brasília.
De olho nos grandes eventos esportivos dos próximos anos, o edital das licitações estabelece multas pesadas para quem não cumprir as exigências de investimentos. Segundo uma das duas fontes, que está negociando para entrar no leilão, as metas de investimentos de Guarulhos e Brasília são razoáveis, mas há preocupações com Viracopos.
"A modelagem de Viracopos está muito temerária. São muitos investimentos para uma receita proporcionalmente apertada e prazo muito curto", disse a fonte. Para Padilha, professor do Insper-SP, o aeroporto de Viracopos somente deve "ganhar força" quando Cumbica chegar ao limite da saturação.
Por Terra Brasil
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