quinta-feira, 24 de junho de 2010

Trem de Alta Velocidade e Viracopos: na pauta do dia

Os dois principais candidatos à Presidência da República, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) e o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), defenderam ontem a viabilidade do trem de alta velocidade (TAV), ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, e a ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos como alternativa ao esgotamento dos aeroportos paulistas.As defesas foram feitas, separadamente, após o atual governador do Estado, Alberto Goldman (PSDB), opinar pela exclusão da ligação do trem com a Capital fluminense e defender a construção de um terceiro aeroporto em São Paulo, sem considerar a alternativa de Viracopos, em entrevista ao Correio anteontem.Ele defendeu um novo projeto de ligação férrea entre Campinas, São Paulo e São José dos Campos, e condenou a ligação do trem-bala até o Rio de Janeiro. “O trecho (São Paulo até o Rio de Janeiro) é uma invenção, sonho de uma noite de Verão, de alguém que estava dormindo muito bem, acordou e teve essa ideia”, disse. Segundo ele, a ligação com o Rio é inviável.Com relação a Viracopos, o governador defendeu a ampliação como o “quarto, quinto, grande aeroporto no Estado”, e não como o terceiro grande aeroporto.

Trem-bala

Dilma foi quem teceu críticas às afirmações de Goldman, enquanto Serra evitou desautorizar seu sucessor. A petista afirmou que o trajeto original do projeto do TAV proposto pelo governo federal, ligando Campinas a São Paulo e ao Rio de Janeiro, “é viável, factível e necessário” porque vai permitir uma melhor integração entre os dois maiores polos metropolitanos do Brasil. “O Brasil pode ter, sim, perfeitamente, um trem de alta velocidade. Todos os estudos que nós fizemos, tanto de demanda como de engenharia, mostraram que é viável, factível e necessário”, disse, em entrevista por telefone às rádios Bandeirantes AM e Band News de Campinas.A candidata disse que o trem vai assegurar a ligação com os principais aeroportos do País. “O TAV vai, perfeitamente, gerar incremento fundamental para o desenvolvimento da região, não só no polo da logística de integrar aeroportos, como do ponto de vista da população”, disse Dilma. “Em todas as cidades em que o trem de alta velocidade foi construído, o que se vê é uma melhoria das condições de vida. Você permite uma pessoa morar em um lugar e trabalhar em outro e, além disso, permite que em São Paulo e Rio, em termos de aeroporto, descongestione”, completou.Sem citar nomes, ela disse que não se pode ter uma visão pequena do País. “Por todas as razões, é um absurdo, é uma visão pequena do Brasil, pequena de São Paulo e pequena do Rio de Janeiro, considerar que o TAV não será um dos modais mais importantes a partir de 2011.”Já o candidato do PSDB, em entrevista à Rádio Jovem Pan de São Paulo, evitou comentar as afirmações de Goldman sobre o TAV. No entanto, ele ponderou que a preocupação de seu sucessor pode ser relativa aos custos da obra. “Vai custar uns R$ 50 bilhões, com esse dinheiro, em tese você pode aumentar o metrô de São Paulo, pode triplicar o metrô do Rio”, afirmou ele citando uma série de investimentos que poderiam ser feitos em capitais brasileiras. “O trem-bala tem uma coisa de projeto que precisa ser melhor discutida.”

Viracopos

Dilma negou que tinha conhecimento da proposta de construção de um terceiro aeroporto próximo à Capital paulista, na cidade de Caieiras. A proposta é de um grupo de empresas para a construção de um aeroporto privado na região. “Não havia, pelo menos, na Casa Civil (uma proposta de construção de um aeroporto no entorno de São Paulo). O que aconteceu é que o Ministério da Defesa apontou Viracopos ou o Aeroporto de São José dos Campos como alternativa ao caos do setor em São Paulo, por causa do acidente da TAM, do apagão aéreo”, explicou.Nesse assunto, Serra também divergiu das afirmações de Goldman. “Quanto à questão de novos aeroportos, eu acho que não é contraditório fazer uma novo aeroporto (na Capital), que demora muito, com modernizar Viracopos e Cumbica, inclusive, com concessões”, disse. “Eu penso assim, que você deve investir em Viracopos para ampliar a capacidade do aeroporto. Hoje, tem dois, três milhões de passageiros, pode ir para sessenta (milhões de passageiros) no futuro e isso pode se fazer com concessão”, completou Serra.O candidato criticou a atuação do governo federal e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) com relação à demora das ampliações dos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e Viracopos, em Campinas. “Falta um terminal em Cumbica que poderia ter sido feito e não foi, porque Viracopos já podia ter sido ampliado e não foi (...). A Infraero é uma empresa muito ruim, que é uma empresa federal. É uma empresa loteada entre partidos, tem salários muito bons, o pessoal nomeia até parentes, inclusive. Ela não faz e não deixa os outros fazerem”, disse.

Por Correio Popular

Imagem: Ezequiel Masiero

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